Sr. Sócrates, filósofo ateniense, fale-nos sobre o seu nascimento…
Nasci em Alopeke, subúrbio de Atenas, na Grécia, por volta de 470-469 antes de Cristo.
E seus pais?
Meu pai chamava-se Sofronisco, era escultor e trabalhou com Fídias, decorador de edifícios em Atenas.
A minha mãe chamava-se Fenarete, reconhecida por ser hábil parteira da cidade. A nossa casa situava-se num distrito sossegado e confortável, tínhamos uma horta com muitas árvores frutíferas e muitas oliveiras. Tínhamos como vizinhos Aristides, Tucídides e Críton, que foi um grande amigo.
Como eram os tempos antigos da sua Grécia?
Quando nasci, Atenas se tornava uma potência política, econômica e militar. Tempos de ouro para os gregos; Em pouco tempo, várias personalidades marcaram a história da humanidade no campo das artes, da filosofia, da oratória, da política e das ciências naturais.
Sócrates, como foi a sua juventude?
Minha família tinha modestos recursos, mas recebi boa educação, me relacionei com notáveis inteligências da época, frequentei o Liceu onde se cultivava o físico e o intelectual. Frequentei a escola de música de Cosmos, para me aperfeiçoar no bailado e na cítara.
Do que gostava nessa época?
Tinha muitos amigos, mas minha beleza física não era das melhores… familiarizei-me com os antigos filósofos, Anaxágoras… apreciava andar sempre descalço e amava conversar a respeito dos problemas cosmológicos…
E Xantipa?
Minha esposa… casamos quando eu tinha 56 anos, já gordo e corpulento. Era um bonachão… e Xantipa uma garota ateniense aristocrática, de 20 anos de idade, alta e magra. No dia do nosso casamento não encontramos um carro puxado a bois. Seguimos a pé com um cortejo reduzido… Amo Xantipa, apesar dos nossos temperamentos diferentes. Tivemos três filhos:
Lamprocles, Sofronisco e Menexeno. No dia em que recebi a sentença de condenação… Xantipa chorava muito e então lhe disse: – Por que choras por teu marido ser condenado injustamente? Deverias chorar se fosse condenado justamente!
Sr. Sócrates, ocorre-lhe a lembrança de algum fato inusitado ou muito importante que influenciou nas suas escolhas?
Sim. Por volta dos 38 anos de idade passei por uma crise interior… Certo dia fui visitar o templo de Apolo, em Delfos, onde estava escrito a máxima: “Conhece-te a ti mesmo”…
E…
A partir daí centrei meu pensamento e pesquisas no homem e não mais no cosmo.
Por quê?
O conhecimento de si mesmo e a dúvida, o questionamento, preparam-nos para o nosso encontro maior, no qual encontramos o caos doloroso ou a felicidade…
O Senhor Criou a Teodicéia – a descoberta de Deus pela razão?
Sim. O diálogo é o meu método. Possui três fases: a ironia, a maiêutica e a indução. Na ironia levo meus interlocutores através de perguntas a conhecerem-se mais… Na maiêutica procuro extrair as verdades… e na indução buscamos a essência universal contida no particular…
O senhor percebe ainda hoje, em nossos tempos modernos, a influência das suas pesquisas e descobertas?
Talvez no Direito, na Filosofia, na Psicanálise, na Psicologia, na Psiquiatria, nos livres pensadores… Outros?
Sr. Sócrates, desejaria dizer mais alguma coisa?
Neste momento recordo de meus pais… Sofronisco, escultor de estátuas… eu de pensamentos…
Fenarete, parteira, da arte da obstetrícia… eu procuro sempre não dar minha opinião sobre qualquer assunto, não tenho a autoridade, tampouco a verdade… como a parteira ajudo, mas é você quem deve dar à luz os seus desejos…
*O Frater Ademir Vieira dos Santos é Psicólogo.
Referência: Brazil, Stella Telles Vital – A Divina Filosofia Grega, Curitiba, AMORC, 1989; Claret, Martin – O Pensamento Vivo de Sócrates, São Paulo.